“Quando eu era pequena, meu sonho era comer unha de caranguejo, mas não tinha condição financeira. Só quem tinha dinheiro é que comia aqui em Belém”, conta Kellen. “Hoje estou vendendo na rua. Nem comer eu quero mais”, brinca. Há quase dez anos, Kellen faz e oferece sua versão do quitute mais popular de Belém. Essa verdadeira coxinha paraense, recheada de carne de caranguejo, leva uma unha do animal espetada na pontinha da massa, daí o nome. A sua, feita no dia e frita quase na hora de vender, ganhou fama por ser fresquinha: “Acho que esse é o segredo”, diz. A carne do animal vem de uma fábrica de Bragança, no Pará, que sozinha chega a comprar 5 mil caranguejos por dia de catadores, para se ter uma ideia da popularidade do bicho nestas terras — além da unha, a culinária paraense tem pratos como arroz, sopa, caldeirada e casquinha feitos com caranguejo. Com ele, Kellen prepara seus quitutes diariamente, de domingo a domingo, feliz da vida: “Eu gosto muito do que faço”.