“Estou tentando apresentar para o brasileiro a riqueza da gastronomia colombiana, sua mística, seu sabor”, diz Jair, cozinheiro natural de Bogotá. Não à toa, batizou seu carrinho onde serve a Picada, um mix de comidinhas típicas de sua terra natal, de Macondo. O nome é uma homenagem à pequena aldeia do realismo mágico de “Cem Anos de Solidão”, clássico mundial do Nobel colombiano, Gabriel Garcia Márquez. Macondo é uma metáfora da América do Sul, onde tudo de mais surpreendente pode acontecer. Assim também é a cozinha de Jair: mágica, capaz de traduzir toda a sua ancestralidade latina em sabores. A picada leva arepas (panquecas de milho branco), patacones (discos de banana verde amassados e fritos), guacamole (a famosa pasta de avocado mexicana também é tradicional na Colômbia), papa criolla (batatinhas amarelas fritas inteiras e com casca), linguiças artesanais e outras receitas indígenas. E há versões vegetarianas, com carne de soja e shimeji. Há quase dez anos em São Paulo, onde chegou para trabalhar num restaurante colombiano, este ex-engenheiro mecatrônico prepara tudo em casa, inclusive as linguiças, e mantém viva a tradição da culinária de rua de seu país. “Todas as minhas raízes mestiças estão presentes aqui: é a união entre as heranças dos índios, africanos e caipiras”.