Abará do Original

Salvador

Edgar Oliveira segue a labuta do dia-a-dia com vendas no geral, já tendo trabalhado com amendoim e picolé. Soteropolitano nato, Original, como é conhecido desde muito cedo, é um empreendedor bastante criativo, e que o bairro do Imbuí conhece há bastante tempo. Questionado sobre o porquê de ter se tornado o “Original”, ele responde: “Eu usava muito essa palavra com meus amigos e pessoas do trabalho, muito antes de trabalhar com abará, e dai o apelido ficou”. Em 2001, Edgar era Assessor Parlamentar mas, estando sem condições financeiras para curtir o carnaval e viajar com a esposa, resolveu aproveitar sua experiência com vendas e uma certa prática para lidar com o público, e decidiu vender algum produto para conseguir o dinheiro do passeio. Como já tinha aprendido com duas amigas baianas a receita do tradicionalíssimo abará, aprontou o quitute e saiu com uma caixa térmica na cabeça: “Em uma hora eu já tinha vendido 100 unidades no Campo Grande. Isso faz 13 anos, e meu abará era somente o tradicional, com camarão”. Edgar manteve-se paralelamente no trabalho de assessor, enquanto realizava as vendas para lojistas do shopping Barra e no Rio Vermelho, bairro boêmio da capital. Quando percebeu que poderia viver somente das vendas, abandonou a carreira política e passou a comercializar e se especializar cada vez mais no quitute baiano. Inicialmente mantinha as tradições mas ele quis ir mais além, procurou inovar o abará devido a muitos clientes serem alérgicos ao camarão e não poderem saborear o prato tão elogiado. Ele então decidiu mudar a receita criando uma variação para alérgicos, retirando o camarão da massa e acrescentando um recheio de bacalhau e manjericão: “no começo foi difícil. As pessoas não sabiam o que era meu produto e só fui convencendo oferecendo muitas degustações”. Com o tempo desenvolveu outros recheios que, hoje, já somam 28 variações, das quais somente leva pra vender 7 ou 8 por noite. Atualmente, no menu do chef estão os seguintes sabores: Camarão, Bacalhau, Azeitona, Sardinha, Merluza, Alho Grego, Atum, Erva Apimentada e Palmito com Azeitonas. Ele criou ainda um acompanhamento que chama de Vata-pimenta, uma versão do vatapá. Neste, ele usa a própria massa do abará, pimenta e um segredo que, segundo ele, deixa o abará muito mais saboroso. Morador do bairro de Saramandaia, Edgar prepara tudo em uma oficina embaixo de sua casa. Ele cultiva algumas hortaliças no quintal do vizinho, e duas vezes no mês vai até a feira de São Joaquim comprar os produtos que utiliza. Depois de prontos os abarás, carrega-os em seu próprio carro e se desloca para o bairro do Imbuí, local muito frequentado nos finais de semana, onde há 15 anos ele estabeleceu seu negócio. No carro ainda traz consigo o carrinho, que já sofreu inúmeras transformações: de caixa térmica transportada na cabeça à carrinho com dois pneus, tabuleiro andante e triciclo, também chamado de Abará Móvel. Hoje utiliza um carrinho de supermercado que chama, carinhosamente, de “A nave Original”. Edgar está sempre trajado com roupas feitas em tecidos africanos, confeccionadas por costureiras que são suas amigas.

Onde e Quando?

Praça do Imbui, 41180-390

Quarta-feira a Domingo:
18:00 – 02:00

Contato

Insta: @abara_dooriginal

Fotos: Emerson Santos e Neto de Oliveira/ Texto: Emerson Santos