Acarajé da Nega Teresa

Rio de Janeiro

Quando jogava handebol profissional, Nega Teresa era atacante. “Como sou até hoje. Sempre!”, diz a filha de Iansã, orixá de personalidade forte, mulher guerreira, rainha dos ventos e tempestades, a “dona” do acarajé. Nem a chuva a impede de armar o tabuleiro no bairro cujo nome homenageia outra Teresa, a Santa. Ali, sob a lona branca, em frente ao tabuleiro colorido, entre cuscuzes e acarajés, bolos de aipim, cocadas, flores da estação, ela se sente em casa. Certamente Iansã, que mora no rio Níger, na África, gosta do lugar: a Almirante Alexandrino, onde Nega está há mais de dez anos, já foi a rua do Aqueduto, caminho dos canos que abasteciam a cidade com as águas do Rio Carioca.A baiana diz que lê pensamentos: “Às vezes surpreendo o cliente, já sei o que ele vai pedir alguns segundos antes”. São anos, desde 1982, de sorrisos distribuídos na rua. Nascida em Amaralina, bairro de Salvador, passou a adolescência observando o trabalho da mãe e da tia nos seus tabuleiros: “Comida é tradição. Eu sei que meu trabalho ajuda a preservar os costumes do meu povo”.

Fotos: Marcos Pinto/ Texto: Ines Garçoni