Acarajé da Tania

Salvador

Tânia tem 49 anos mas desde criança observava com muita curiosidade a avó preparando o acarajé. Ela, que vem de uma linhagem de baianas de acarajé (a primeira foi sua bisavó), desde os 14 anos manuseia e trabalha no tabuleiro, fazendo cocadas, aprendendo a fritar os bolinhos, e, especificamente há 23 anos, assumiu um ponto fixo como baiana de acarajé. O ponto que hoje fica no Farol da Barra já passou por modificações de posicionamento neste mesmo local. Costumeiramente, o bolinho de acarajé, dentro da religião do Candomblé, é uma oferenda feita para Iansã. A prática da oferenda, porém, depende muito de baiana para baiana: algumas fritam os primeiros bolinhos e jogam na rua próxima ao ponto, outra separam 7 bolinhos dentro do tabuleiro para oferecer a 7 crianças que apareçam, mas, para isso, é preciso ter uma permissão dentro da religião. Dona Tânia não tem esta permissão, pois não é iniciada no Candomblé, mesmo tendo uma linhagem do Axé (nasceu dentro de terreiro e sua família toda é candomblecista), admite conhecer a sua religião, mas não ser frequentadora assídua. Hoje o ponto é compartilhado com os filhos de Tânia: durante a semana, os filhos assumem 3 dias na semana, dividindo-se, e ela fica com 4 dias, mas termina trabalhando todos os dias, pois faz a preparação em sua casa diariamente e também coordena as vendas no local. Tânia participou em 2005 do programa Acarajé 10, que teve como objetivo capacitar estes profissionais quanto à segurança dos seus alimentos, pois a iguaria preocupa seus consumidores pela falta de qualidade higiênico-sanitária, desde a escolha da matéria-prima, elaboração, até a exposição nos tabuleiros. E Tânia se destacou recebendo o selo ISO 9001 por ter se adequado completamente às normas do programa. Além de cursos de idiomas, administração e atendimento ao cliente Tânia se mantém atualizada e faz questão de inserir sua equipe na formação. Tânia foi escolhida baiana padrão FIFA trabalhando dentro dos eventos da Copa do Mundo de Futebol 2014 “o segredo é sempre atender bem, sempre sorrindo, muitos turistas se encantam com as vestes e hoje muitos Soteropolitanos cobram as roupas de baiana”. Tânia compra os produtos semanalmente ou uma vez por mês na Feira de São Joaquim, e se dedica entre 4 e 5 horas somente para o preparo dos produtos. Ela trabalha com três funcionárias: a primeira e segunda manuseiam o alimento para que não haja contaminação direta com o produto. A terceira trabalha com o dinheiro “quem pega no alimento não pode pegar no dinheiro”. Além dos filhos Tânia tem uma neta de 6 anos, Sofia, e diz com convicção que a pequena será a próxima baiana da família. Ao ser questionada sobre a possibilidade da menina não seguir os caminhos da avó, Tânia diz com bastante orgulho que a neta já é uma baiana. Sofia da entrevistas, participa de eventos, hoje não tem um evento na cidade que não queira a presença dela.

Onde e Quando?

Largo do Farol da Barra, 40140-650

Contato

Insta: @acarajedataniaa

Fotos: Neto de Oliveira/ Texto: Emerson Santos