Reza a lenda que o caldinho de sururu, mexilhão muito popular no litoral nordestino, é afrodisíaco. Se é verdade ou não, um taxista anônimo de Salvador pode dizer. “Ele chegou aqui na barraca perguntando se funcionava mesmo. Falei que comigo deu certo. Tempos depois voltou para me agradecer, disse que salvei o casamento dele”, conta Paulo, o Gagau, que teve a ideia de vender caldinho na rua depois de preparar em casa, para ele e a mulher, no início do namoro. Naquele mesmo dia, empolgados com o resultado da operação, tiveram a ideia de vender na rua. Aos poucos, Gagau, que aprendeu a cozinhar aos 9 anos – mais velho de oito irmãos, fazia comida para toda a família já que a mãe trabalhava fora -, incrementou a receita. Além de dendê e côco ralado, coloca uma boa dose de pó energético, comprado na feira de São Joaquim, a maior e mais popular da cidade: leva ginseng, catuaba, marapuana e guaraná em pó. “Dá uma energia fantástica”, garante. Daí o apelido “Pega Legal”, dado por uma cliente. Para engrossar o caldo, ele usa carimã, também conhecida como puba, a farinha de mandioca fermentada. E não abre mão do camarão seco da vizinha Ilha de Itaparica: “Não tem corante, não é sem sabor. Parece que derrete na boca. É o toque final”.