Dona Vera é do estilo mãezona, talvez por ser também professora, lida com todo mundo com muita prestação e carinho. Vira e mexe entra alguém na barraca para dar um abraço nela. Dá para sentir demais que gosta muito de estar na cozinha. Sua avó portuguesa fazia bacalhoadas que ela traz nas ricas memórias de infância. Diz que seu pai, mesmo tendo nascido no Brasil, carregava no jeito de ser toda a cultura ancestral portuguesa, “ele era português”. Falecido há 14 anos foi o grande motivador do negócio e Dona Vera se refere a ele sempre com muita emoção. Idealizador do ‘Cantinho Português’, começou e se estabeleceu em outro ponto da cidade (na Júlio Prestes), mas batalhou esperando um espaço na Benedito Calixto por seis anos. Foi dono de uma salada de bacalhau que tomou conta dos almoços de família, principalmente na páscoa, substituindo com o tempo o prato principal desses encontros. Ela conta que havia uma ‘esteira’ de produção no desfiar do bacalhau e o pai era sempre o ‘controle de qualidade’ no fim da fila para que não sobrasse nenhuma espinha. Quando chegou na Benedito, Dona Vera se deparou com a demanda do ponto de comida italiana e criou adaptações que fazem sucesso, o ‘nhoque’ de massa feita com o bacalhau desfiado e molho também de bacalhau é a pedida. Adora a poesia de Fernando Pessoa e o homenageou com o ‘Quiche à La Pessoa’. Em dias de frio costuma servir a ‘Feijoada Portuguesa’ e o caldo verde. Recebe pedidos, mas não são a prioridade, gosta da ideia de fortalecer o ponto. Conta com a ajuda de funcionários contratados mas tem o apoio da filha e da sobrinha que somam ao time; eventualmente o resto da família aumenta o coro em dias que eles preveem como de maior movimento. Mudou recentemente o fornecedor do bacalhau e isso agregou um novo sabor ainda mais elogiado.