Feijoada da Edna

Salvador

Tradição e família são duas palavras que resumem a personagem Edna Bispo de Santana. A história com a comida vem de família e começa com sua avó que era uma grande fazedora de licor no Bairro do Garcia, centro de Salvador. Todos no bairro conheciam a sua deliciosa bebida. Já a tia, que é mãe de santo, tinha na cozinha as obrigações religiosas. Observando-a, Edna aprendeu tudo sobre as comidas do Candomblé, mas sua mãe ensinou-lhe o oficio da costura e foi por ai que começou sua vida profissional, em 1999. Trabalhou em algumas fábricas, mas depois decidiu abrir seu próprio negócio: uma confecção terceirizada que atendia a uma grande marca situada em um Shopping Center. Neste momento já tinha seu primeiro filho, o garoto Jeferson, que aprendeu a costurar com a mãe: “Ele é bom, mas não gosta que eu fale”, diz ela orgulhosa do filho. Ela conta que as vendas eram boas mas os calotes foram o ponto crucial para a desistência da profissão. Na brincadeira em casa, onde amigos e parentes elogiavam sua comida, surgiu a ideia de vender na rua: “sua comida é boa, todos diziam pra mim”. Em 2003, partiu para um novo desafio: com uma garrafa térmica contendo suco e em uma vasilha plástica contendo os lanches, dona Edna vendia lanches na frente da Faculdade da Cidade, localizada no bairro do Comércio. O filho acompanhava a mãe no transporte e nas vendas. Edna desenvolveu então um cachorro quente de forno: “Quando eu fiz este lanche não sobrou um, e os alunos ainda reclamavam com Jeferson porque ele não guardava um para eles”. Todas as sextas-feiras era intenso o movimento de estudantes que ficavam após o termino das aulas na praça, o que motivou Edna a fazer algo diferente, visando aumentar a sua renda: ela decidiu colocar uma panela de feijão ao lado dos lanches, e como os alunos bebiam bastante e os lanches não combinavam com a “cervejinha”, o feijão era a pedida. A fiscalização, entretanto, chegou e proibiu a venda dos lanches e do feijão, mas, mesmo assim, ela se manteve no ponto. Edna partiu então para uma outra rua próxima a praça onde o movimento de pessoas também era grande por conta de uma empresa de cobranças, e lá decidiu vender acarajé. Se formalizou como baiana enquanto o filho, Jeferson, continuava com a venda dos lanches na praça. Até hoje dona Edna mantém o tabuleiro de baiana de segunda à sexta-feira no bairro do Comércio, mas os lanches não são mais vendidos. O filho começou a trabalhar como garçom em um bar no Largo do Rosário. Em conversas com colegas dos bares, proprietários e amigos do futebol, ele fez a propaganda da mãe, e teve a ideia de convidá-la para vender o feijão no local. Edna encontrou no largo do Rosário o apoio dos proprietários de bares para manter o negócio. Aos sábados pela manhã, ela descansa um pouco e durante a tarde vai para a casa do filho, morador do bairro 2 de Julho que fica próximo ao ponto de vendas, onde prepara o feijão, o mocotó e a rabada. Todos os ingredientes ela faz questão de comprar no bairro onde mora: “Aqui na Fazenda Grande do Retiro eu peço pro açougueiro separar os melhores cortes de carnes, depois vou a casa de meu filho e nos mercados da região faço o restante da compras. O que eu gosto mesmo é de pechinchar!”.

Onde e Quando?

Rua do Rosário, 41250-505

Domingo:
09:00 – 15:00

Contato

Telefone: (71) 8100 -3665

Fotos: Emerson Santos e Neto de Oliveira/ Texto: Emerson Santos