Kafta do Chileno

Rio de Janeiro

“O meu avô se chamava Rolando e era tão criativo que deu o nome do meu pai de Segundo Rolando. Aí meu pai me batizou Rolando José. Quando meu filho nasceu, eu logo pensei: preciso sacanear alguém também, né?, e dei o nome dele de Rolando Maurício. Minha nora engravidou, e meu neto, graças a Deus, se chama… Lucas!”, conta, dando risada, o Chileno – apelido de Rolando José Flores Bezerra. Ele não tem só o nome engraçado. Chileno é tão bem-humorado e espirituoso que faz do ritual de comer uma “kafta imperial” em sua barraca, no Largo da Pechincha, pura diversão.Nascido em Viña del Mar há 58 anos, abandonou sua terra natal na época da sangrenta ditadura de Augusto Pinochet. “Eu estava a caminho do Canadá, mas fiz escala no Brasil e nunca mais saí daqui”, lembra. Há 36 anos no Rio, virou carioca. Nunca mais voltou ao Chile. “Não reconheceria mais ninguém. Converso com a minha irmã pelo telefone e ela sempre diz: ‘Rolando, sabe o fulano?’, eu digo ‘sim’, e ela diz ‘pois é, morreu’”, narra, às gargalhadas. “O que eu vou fazer lá?”Depois de vinte anos trabalhando como mordomo de famílias ricas, garçom e maître de restaurantes, quase sem tirar férias, decidiu ser dono do próprio negócio. “Para não ter um compromisso com patrão”. Chileno começou vendendo churrasquinho e kafta na rua. Quando ganhou a licença da Prefeitura para montar a barraca, há três anos, precisou mudar de cardápio. “Me deram autorização para vender sanduíches e salgados. Mas a minha kafta já era famosa, eu não podia mudar. Resolvi mexer no formato e acrescentar o pão. Ficou mais gostosa”.

Onde e Quando?

Tanque, Praça do Barro Vermelho

Sexta-feira a Domingo:
19:30 – 01:00

Fotos: Marcos Pinto/ Texto: Ines Garçoni