Uma das mais famosas tacacazeiras de Belém, Neide faz também a maniçoba mais desejada das ruas da cidade. Aprendida com a avó Leonice, pioneira, que há mais de meio século já vendia seus pratos amazônicos na Avenida Nazaré, a receita da “feijoada paraense” se mantém viva até hoje pelas mãos de Neide, que herdou a barraca da matriarca em 1997. O prato é herança indígena, trabalhoso, e exige tempo para ser feito, a começar pelo cozimento da maniva, folha de mandioca moída e cozida durante sete dias, para que se elimine o ácido cianídrico, que é venenoso. Mas Neide compra, no mercado Ver-o-Peso, a maniva já pronta para ser usada, assim como todas as carnes – toucinho, chouriço, bucho, charque, orelha, costelinha, calabresa, paio, bacon. Depois, prepara tudo em casa e leva para a barraca, onde esquenta e serve com jambu refogado, camarão seco e farinha. “Nossa culinária paraense é reconhecida mundialmente”, orgulha-se Neide, que hoje ensina a sobrinha o seu ofício, com medo de que a tradição familiar se perca. “Minha vozinha está no céu, mas a culinária dela está aqui”, emociona-se.