Charlie é tímido, principalmente na hora de apregoar seus quitutes nas ruas, mas nem por isso volta com o farnel cheio para casa. Quase sempre que sai levando seus bolinhos de feijoada vegana, vende tudo. O segredo talvez seja o cuidado e amor com que cozinha – não só os bolinhos, mas os Not Dogs (hot dogs com salsicha de grão de bico), os bolinhos de acarajé e a maionese de abacate que acompanha tudo. “Cozinhar é terapêutico”, diz Charlie. Ex-viciado em crack e ex-morador de rua, foi salvo pela música. Em 2012, tornou-se guitarrista de uma banda de straight edge, subgênero do hardcore punk que prega a abstinência de entorpecentes e o veganismo — daí seu interesse em desbravar a cozinha sem nada de origem animal. “Eu só comia soja, queria algo diferente”, conta. Pesquisando, chegou à feijoada vegana – com feijão preto, brócolis, abóbora, coco e outros sabores – e à sua versão bolinho, recheado de couve, vinagrete e queijo vegetal de mandioca. É sucesso garantido nas ruas de Natal: “Quando você cozinha com emoção seus rangos começam a dar certo”.