Quando Seu Antonio passa cantando pelas areias de Ondina e Farol da Barra, não resta um ouvido incólume às paródias que entoa enquanto prepara o espetinho de queijo no seu fogareiro. Difícil achar vendedor mais simpático naquelas praias. Na infância, passou fome, “comia farinha seca com água fria”. Há 30 anos, largou a profissão de pedreiro para só vender queijo coalho “porque dá mais dinheiro”. Pudera, a iguaria é xodó no Nordeste há mais de 300 anos — teria surgido em meados do século 17, quando viajantes no sertão levavam leite armazenado em bolsas, que com o tempo coagulavam, dando origem ao queijo coalho. O de Seu Antonio também faz sucesso porque ele zela pela qualidade: compra no mesmo fornecedor há décadas, corta e faz cada espeto. “O queijo menos salgado é mais gostoso e vende mais rápido. Fica assado e derretido”, ensina. Depois, é só botar no fogo e fazer a alegria da praia.