Rosca do Erisvaldo

Rio de Janeiro

O carisma de Erisvaldo é irresistível. A caminhada diária que faz pelo bairro do Catete e adjacências, aos gritos de “Da rooooooooosca!”, já lhe rendeu entrevistas em diversos programas de TV, vídeos de fãs no Youtube, versões em funk e forró de seus bordões e até uma biografia. Sempre considerado exemplo de empreendedorismo, simpatia e persistência, Erisvaldo Corrêa dos Santos é tudo isso, mas é sobretudo um comediante. E dos mais inteligentes, rápidos e astutos. Depois de vender coxinha, pipoca, picolé, água de coco nas ruas do Crato, no Ceará, onde nasceu, e do Rio, cidade para a qual se mudou em 2005, começou a ‘queimar rosca’ em casa. “Queria fazer alguma coisa que divertisse o público. Eu gosto mesmo é de ver as pessoas rirem”. Usou os conhecimentos adquiridos como funcionário de uma padaria e criou a receita de um doce de nome sugestivo, prato feito para piadas de duplo sentido. “Minha rosca está sempre pegando fogo!”, brinca. O quitute é levemente doce, “porque leva pouco açúcar na massa, uso mais como cobertura, com canela”, explica. Por isso, nada enjoativo. Erisvaldo carrega 150 roscas sobre a cabeça, dentro de uma caixa, em perfeito equilíbrio. E ainda sobra fôlego para bradar, em voz afinada: “Olha ele aí! Quem quer comer minha rosca?”. Quando compra, o cliente leva a guloseima e, de lambuja, boas risadas. “Vai comer minha rosca agora, é? Na frente de todo mundo?”. Não há quem resista. Quem o vê cercado de gente não imagina que Erisvaldo chegou ao Rio “com a roupa do corpo, para ficar de favor na casa de um conhecido”. A idéia de fabricar e vender roscas veio quando a necessidade falou mais alto. “Eu estava na rua da amargura, com vinte reais no bolso, sozinho, pedindo a Deus que me desse uma luz”, conta. Hoje, as abordagens não o deixam em paz. O transeunte passa e pergunta: “Ô da Rosca, olha a calça daquele ali, apertadinha. É coisa de bicha, né?”, ao que Erisvaldo prontamente responde: “Rapaz, deixa o menino, o mundo é gay!”. Mais adiante, outro freguês reclama do preço. “É que a minha rosca está mais larga!”, arremata o vendedor.

Onde e Quando?

Saída do Metrô Catete

Segunda-feira a Sábado:

10:00 -14:00 e das 18:00 – 20:00

Aos domingos, na feira da Glória.

Fora desses horários ele circula pelos dois bairros.

Fotos: Marcos Pinto/ Texto: Ines Garçoni