Bobó Vegano do Creative Commes

São Paulo

Comida, para Raquel, é sinônimo de resistência e ferramenta de ocupação de espaços públicos, de troca e afeto. Estar na rua vendendo seu bobó vegano, para ela, é uma forma de luta – pelo fim do desperdício e pela democratização da comida de verdade, daí o nome inspirado na ONG Creative Commons, que atua pelo fim das patentes e direitos reservados. A militância de Raquel começa na busca pelos ingredientes, recolhidos na feira livre, de graça, entre os alimentos que teriam o lixo como destino. Na varanda térrea de sua casa, um sobrado em Perdizes, acende o fogo sob um enorme tacho e prepara o bobó: shimeji, pimentão, cebola, tomate, banana da terra, leite de coco, dendê, gengibre… tudo misturado ao caldo de mandioca temperado com urucum. Ao final, coentro, muito coentro. O aroma invade a praça em frente e em poucos minutos a vizinhança vem provar o bobó servido na casca de coco, com arroz, que pode ser acompanhado de uma cachacinha caseira de jambu. “É afeto, comida de vó, é a minha ancestralidade saudando a sua”, diz ela, que aprendeu a cozinhar “com a fome e a escassez”. Não à toa, hoje o ofício de Raquel é produzir comida de verdade, saborosa, evitando o desperdício, vendida no espaço mais democrático possível: a rua.

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Insta: @creativecommes

Fotos: Neto de Oliveira /Texto: Ines Garçoni